5 - RVIII - ATIVIDADE APOSTÓLICA DOS CONGREGADOS MARIANOS


A) O Espírito de comunhão eclesial

33. O perfil do Congregado Mariano como apóstolo, nos dias de hoje, acha-se nas palavras do Papa PioXII: "solidamente enraizados na fé, a fim de que não vacilem ... Católicos que, com o olhar fixo no ideal das virtudes cristãs da pureza, da santidade, conscientes dos sacrifícios que ela lhes impõe, tendam a este ideal com todas as forças, na vida quotidiana, sempre retos, resistindo às tentações e seduções de uma vida fácil e acomodada ... católicos desassombrados em confessar a própria fé com palavras e com atos, toda vez que o reclamem a Lei de Deus e o sentimento da honra cristã" (AL, 10),assumindo "como coisa própria, todas as obras apostólicas recomendadas pela Santa Igreja, tendo como guias os Pastores sagrados, não s6 individual mas coletivamente" (BS, 7).

34. O trabalho apostólico das Congregações Marianas não possui uma especificação ou campo próprio de atuação, mas deve estar aberto a tudo que delas exigir a variedade dos desafios que forem encontrados na multiforme realidade humana, cultural e social do meio em que vivem. Este trabalho deve ser realizado na Igreja e pela Igreja, com "um sentido de Diocese, da qual a Paróquia é uma célula, sempre prontos, à voz de seu Pastor, a unir as forças às iniciativas diocesanas. Mas, para responder às necessidades das cidades e regiões do campo, não confinem sua ação aos limites da Paróquia ou mesmo da Diocese, mas a estendam a um âmbito interparoquial, interdiocesano, nacional e internacional" (AA, 10), sem buscar "o interesse de qualquer causa particular, mas sempre o bem comum da Igreja" (BS, 12).

35. Em sua participação no apostolado realizado, quer no âmbito da Diocese, quer nos meios especializados ou em setores pastorais específicos, quer, sobretudo, no seio da comunidade paroquial, tenham os Congregados Marianos um profundo sentido de comunhão eclesial, aceitando a multiplicidade e complementariedade dos ministérios e carismas, as exigências das realidades concretas a serem evangelizadas, e se convençam de que sua ação, como fiéis leigos, "dentro das comunidades da Igreja, é tão necessária que, sem ela, o próprio apostolado dos Pastores não pode conseguir, na maior parte das vezes, todo seu efeito" (AA, 10). Neste sentido, a ação apostólica dos Congregados Marianos nunca pode perder a característica própria do fiel leigo, sem se "clericalizar" (CL, 23), mas agindo conforme avocação do fiel leigo no Corpo de Cristo. "A eles cabe, de maneira especial, iluminar e ordenar de tal modo todas as coisas temporais, às quais estão intimamente ligados, que elas continuamente procedam e cresçam segundo Cristo, para o louvor do Criador e Redentor" (LG, 31).

B) O relacionamento com outras associações e movimentos da Igreja

36. Convençam-se os Congregados Marianos da riqueza e multiplicidade dos dons e carismas que fazem brotar no seio da Igreja uma enorme variedade de formas e estilos de agregação associativa ou de movimentos, nos quais se manifesta a ação do Espírito Santo como 'sinal da comunhão e unidade da Igreja de Cristo" (AA, 18). O importante é que se procure e se promova "uma vasta e profunda convergência de todos na finalidade única: participar responsavelmente na missão da' Igreja de levar o Evangelho de Cristo, como fonte de esperança para o homem e de renovação para a sociedade" [CL,29). Assim, torna-se indispensável o trabalho para "unir a todos, de modo que cada um se beneficie do progresso dos outros. em inteira concórdia, união e caridade ... A Igreja favorece esta multiforme unidade pela colaboração fraterna, sob a orientação dos pastores, na união e conjugação de todas as forças para um único fim" (B5, 15).

37. No relacionamento com outras Associações e Movimentos religiosos, sobretudo para o trabalho apostólico, os Congregados Marianos devem ter presente que "a vida de comunhão eclesial torna-se um sinal para o mundo e uma força de atração que leva ã fé em Cristo... Dessa maneira, a própria comunhão abre-se para a missão e se converte, ela própria, em missão" (CI., 31]. "Para se edificar solidamente a casa comum, é preciso, além do mais, depor todo espírito de antagonismo e de disputa, e a competição se faça, antes, na estima mútua (Rm 12,10), na reciproca manifestação de afeto e na vontade de colaboração, com a paciência, a abertura de visão, a disponibilidade para o sacrifico, que isso, por vezes, pode comportar" (Ibid.). Do contrário, torna-se estéril a ação apostólica conjunta, e adiscórdia constitui grave impedimento, pelo contra-testemunho, do anúncio da fé em Cristo, para "que o mundo creia que Tu me enviaste" (Jo 17,21), como rezou Cristo ao Pai, na última ceia, pela união de todos que n'Ele viessem a crer.

38. Em especial, haja da parte das Congregações Marianas, em relação às Comunidades de Vida Cristã(CVX), uma fraterna estima, reconhecendo-as como irmãs na herança comum da história e do patrimônio espiritual que as Congregações Marianas do passado legaram. É igualmente importante um relacionamento fraterno e a colaboração das Congregações Marianas com as demais Associações e Movimentos religiosos, cuja espiritualidade pode, também, enriquecer a vida interior do Congregado Mariano.

39. R normal que a vida e a atividade das Congregações Marianas apoiem novos grupos cujo trabalho e crescimento são, de algum modo, ligados às Congregações Marianas. Devem elas acompanhar o crescimento destes grupos. podem dar-lhes e deles receber apoio, sempre, porém, com o cuidado desrespeitar lhes a autonomia e de resguardar a própria identidade, não criando situações de ambiguidade ou de perda da coesão associativa característica da Congregação Mariana.